terça-feira, 18 de outubro de 2022

Carta náutica

 




Se eu tivesse a sorte de te amar.

Sem ter aonde chegar.

Ou te procurar.

Apenas te admirar.

Um luar, alguém para abraçar.

Eu, e o silêncio do mar.


Deixar o tempo me levar.

E a maresia me tocar.

Sem ter aonde chegar.

Ou alguém para impressionar.

Apenas poder te abraçar .

E deixar o sentimento nos guiar.


Viver no cinza dessa imensidão.

Longe da decepção.

Longe da ilusão.

Longe do coração.

Uma ressaca da Solidão ?


Preciso tanto mergulhar .

Nessa liberdade de ter aonde chegar.

Uma sereia para afagar.

Uma estrela para beijar.

Um peito para cuidar.

E todas manhãs um porto aonde acordar.


Autor : Alberto Correa de Matos

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Cansaço.


Caminhos obscuros.

São traçados.

Por passos silenciosos.

De dores e lágrimas que permanecem ocultos.


São cansaços.

Que acumulamos de cotidianos.

Incompreendidos.

E condenados a serem solitários.


São sofrimentos noturnos.

Que escondemos em hábitos diários.

Sonegados pelos olhos de quem somos julgados.

Enquanto são livres em outras bocas e abraços.


Mas não adianta gritarmos.

Quando os olhos que amamos.

São surdos diante de nossos sofrimentos.

Mas que são felizes na cama de outros desejos.


Te pisam e rotulam por teus sonhos.

Te condenam por teus desejos secretos.

Mas sorriem diante de teus fracassos.

E acabam se afastando de seus sorrisos.

E se aproximando de teus sombrios.


Autor: Alberto Correa de Matos.




quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Sal do Horizonte.

 



O sol nascente.

Que iluminava a ponte.

Sem um motivo aparente.

Sorria ardente.


Sem me perceber .

Contemplando a estrada ao amanhecer.

Tentando deixar de sofrer.

Por amores que insisto em vão renascer.


Rasgando a escuridão da madrugada.

Em que a lua se embriagava com meu peito em sabor de gargalhada.

Sangrando sobre a ponte meus versos de poesia desenganada.

Compartilhada.


O mais celeste dos desenganos

Secando a mais pura fonte de meus sentimentos.

Soluçando sozinho sem ninguém pra ouvir meus gritos.

Desesperados e solitários.


Não fui capaz de perceber.

Enquanto o sal escorria por meus lábios, amanhecer.

Sem você se importar em me entender.

Mas sentindo aos poucos assim como a madrugada te sentindo desaparecer.


Autor: Alberto Correa de Matos

Algemas de Algodão


Quanto tempo é necessário para se sonhar ?
Eu acreditava que poderia voar.
Que poderia amar.
Independe de existirem flores para me abençoar.
Viajar.

Mas primeiro o mundo conseguiu me acorrentar.
As pessoas e suas ilusões me aprisionar.
E as meias verdades delas me sufocar.
Amaldiçoar.

Eu sempre acreditei que poderia alcançar.
O infinito desse céu azul sem precisar me preocupar.
Se precisaria de asas para o tocar ou somente acreditar.
Voar!

Mas as flores preferem o chão.
O mundo viver mecanicamente sem coração.
As pessoas sua doce ilusão.
E eu coleciono somente a decepção.
Solidão.

Autor: Alberto Correa de Matos

sábado, 2 de novembro de 2019

Sufocado

                                                    Sufocado
Eu queria poder gritar.
Mas o vazio ao meu redor conseguiu me sufocar.
Antes mesmo que eu pudesse tentar.

Cansei de tentar me encontrar.
Em pessoas que só sabem me rotular.
Subestimar.

Essa escuridão da aceitação que nunca me deixou enxergar.
Um silêncio que dava  pra sentir a morte me tocar.
Um desespero que parece ser o único a me observar.
Enquanto a frustração pouco a pouco vinha me cobiçar.
Numa ansiedade por amar que acabou por me envenenar.

Mas tudo bem o tempo é o único amigo que pode me curar.
A solidão é a única amiga que nunca vai me julgar.
E quando for minha vez de descansar.
Tenho certeza que a morte será a única na multidão a me abraçar.

Autor: Alberto Correa de Matos

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Tempo de Aceitar.

E depois que secarem as rosas ?
Ainda seremos as mesmas vítimas.
Das mesmas mentiras que separaram nossas almas.
Ou será que as feridas dessas intrigas.
Continuarão sendo mais fortes do que nossas lembranças?

O silêncio das tuas respostas.
Tuas palavras desencontradas.
E tuas fugas repentinas.
São respostas diretas as minhas perguntas.

Sofro por te amar.
Sofro por não aceitar.
Sofro por acreditar.
Sofro por que tento te alcançar.

Mas nada disso irá mudar, tão pouco te tocar.
Minha última rosa terminou de secar.
O tempo foi quem quis com ela ficar.
E ela como todas as  outras flores resolveu me abandonar.
Me sufocar.
Silenciar.
Autor: Alberto Correa de Matos

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Piuzanato

                                                                         
Sinto que estou sangrando.
Enquanto os abutres estão me perseguindo.
Me arrasto pela estrada mas está chovendo.
E para eles não importa se estou sofrendo.
Pois logo seus estômagos estarão se fartando.
E eu continuarei fedendo.

Estou agonizando.
Enquanto o resto está vivendo.
Sou um grande fracassado.
Que vive sonhando.
Mas morre vivendo.
Sou um engodo.
Vegetando.

Sou sempre o culpado.
Sou sempre amado.
Mas nenhum sorriso se atreve a abrir o cadeado.
Pois parece que ninguém deseja estar a meu lado.
Afinal sou um desavisado.
Trouxa que vive iludido.
Acorrentado.
A uma rotina que esfrega na minha cara como sou fracassado.

Os abutres já me alcançaram.
E foram os únicos que me abraçaram.
Enquanto me devoravam.
E depois me vomitavam.
Autor: Alberto Correa de Matos